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Um Ensaio Sobre Papéis Sociais e Relações Autoritárias

Atualizado: 18 de jun. de 2020

O autoritarismo está presente em quase todas as situações sociais que permeiam o nosso dia a dia. Isso porque esse tipo comportamento deriva sempre de relações de poder, as quais existem desde que nos conhecemos por humanidade. Podemos extrair inúmeros exemplos das relações entre chefe e funcionário, aluno e professor, pai e filho, autoridades e civis, entre muitos outros para ilustrar essa realidade.


Imagine que, certo dia, você chega ao trabalho e o seu chefe te humilha na frente da equipe por não ter realizado uma tarefa da forma que ele queria. Usando tom grosseiro e termos pejorativos, ele se aproveita do cargo que ocupa para usufruir de um “passe livre” no trato com seu subordinado. Infelizmente, esse cenário é mais comum do que se imagina.


O curioso é que grande parte das pessoas vítimas de assédio moral nem mesmo reporta o caso ao RH e aos superiores da empresa. Caso decidam tomar alguma atitude, o resultado mais provável será a demissão e menores chances de encontrar um novo emprego de qualidade na área. No final das contas, todo mundo sabe que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.

O comportamento autoritário provém justamente de diversas desigualdades presentes no nosso cotidiano, seja por idade, gênero, cargo, poder aquisitivo, contatos ou posição na família. Quanto mais tradicional for uma sociedade, maior presença marcam as relações autoritárias, já que elas se caracterizam pela submissão do ser considerado “inferior” de acordo com esses padrões estabelecidos socialmente.


Quem é o indivíduo autoritário?


A pessoa autoritária pode ser definida como aquela que procura impor suas ideias e vontades aos outros e reage de maneira agressiva ao ser contrariada ou questionada. Sua incapacidade de receber críticas ou aceitar pontos de vista diferentes vem de uma expectativa de obediência inquestionável por parte de terceiros. Ou seja, ela não está aberta ao diálogo e enxerga a liberdade como algo secundário à ordem social. Como diz aquele velho ditado, que costuma ser bastante nocivo do ponto de vista das relações interpessoais,

“manda quem pode e obedece quem tem juízo”

O autoritário costuma ter uma lealdade cega a determinados valores e costumes, enxergando o mundo em preto e branco – “bom” ou “mal”, “esquerda” ou “direita”, “devoto” ou “pecador”, etc. No caso, sua família, amigos, visão de mundo, hábitos e experiências têm mais valor do que as das outras pessoas, indo na contramão de tudo o que difere de suas crenças.

Além disso, uma característica bastante comum em pessoas com esse perfil é a liderança agressiva. Ou seja, elas devem exercer uma posição de comando e controle sobre terceiros. Uma liderança democrática, baseada na inteligência emocional e na harmonia, não faz parte de seu vocabulário. Filtros são considerados desnecessários na hora de abordar os outros, visto que os autoritários se consideram superiores e no direito de se comportarem da maneira que bem entendem.

A cultura do medo


Também podemos enxergar a cultura do medo como instigadora de atitudes autoritárias em parcelas da população com menor nível de discernimento e empatia. Nos últimos anos, pudemos presenciar vividamente a influência do discurso do medo proferido por políticos na psique social.


A ideia central é que tudo o que é diferente ou vem de fora pode ser considerado perigoso, pois é visto como uma ameaça ao status quo, que deve ser mantido a todo custo. Com isso em mente, é possível relacionar ideais tipicamente nacionalistas, xenófobos, homofóbicos, etc. a comportamentos autoritários.


Como lidar com essas pessoas?


Antes de mais nada, é importante ressaltar que existem diversos níveis de autoritarismo – os quais podem variar desde grosserias e intolerância até ameaças e agressões físicas. De qualquer maneira, essas relações ou situações nocivas se caracterizam pela incapacidade do indivíduo de reagir de maneira civilizada ou sensata a críticas ou opiniões diferentes.


Para ilustrar melhor esse conceito, podemos pensar em pais que controlam como os filhos devem se comportar até nos mínimos detalhes, como a faculdade que devem fazer ou mesmo como devem cortar o pão. Também temos casos de professores que acusam seus alunos de algo que não fizeram, sem flexibilidade para ouvi-los ou tentar remediar a situação. Para finalizar, o cenário mais comum é o do chefe inflexível e inacessível, que não se incomoda em proferir grosserias aos seus funcionários e expô-los aos colegas somente por não concordarem com alguma coisa.


O melhor jeito de lidar com essas pessoas é procurar manter uma distância prudente na medida do possível, para conseguir manter a própria integridade psicológica e emocional. Infelizmente, como vimos aqui, os autoritários muitas vezes fazem parte de nossos círculos sociais mais próximos e pode ser difícil cortar relações, ao menos de imediato. No entanto, é possível estabelecer limites e saber quando é melhor reagir ou deixar de lado certas atitudes.


O mais importante é priorizar os seus próprios valores e sua saúde mental e física acima de qualquer coisa, pois nem sempre os outros estão preocupados com as conseqüências que suas atitudes terão para você. Então seja você mesmo o responsável por defender os seus direitos e a sua felicidade.


Por Julia P.D.

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