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O Segredo para a Longevidade Segundo os Japoneses

Atualizado: 27 de dez. de 2019

Hoje em dia, um dos assuntos que mais despertam a curiosidade da população ocidental são as tradições e filosofias orientais relacionadas à vida e à espiritualidade. Em meio à correria do século XXI, muitos de nós procuramos levar uma vida mais saudável, plena e livre de stress. Quem nunca ouviu falar de yoga, tai chi chuan, budismo e meditação? Dito isto, um país que está especialmente em voga no momento é o Japão, principalmente por ser a nação com a maior expectativa de vida do mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde. A dos homens é de 85 anos e a das mulheres, de 87,3 anos. Não é somente ao acaso que certos hábitos japoneses viraram um modelo de conduta para o resto do mundo.

Escolhi falar sobre sabedoria oriental, pois me deixei inspirar pelo livro Ikigai: Os segredos dos japoneses para uma vida longa e feliz, de Héctor García e Francesc Miralles. Nele, são pontuados diversos aspectos e hábitos dos japoneses que contribuem bastante para a notável longevidade de seus centenários. O conceito de ikigai é o principal fator – cuja junção de termos significa “vida” e “valer à pena” –, pois diz respeito ao propósito de vida de cada um. Essa é a força que nos move acima de tudo, que nos faz superar todos os obstáculos que cruzam o nosso caminho. Uma das características mais comuns àqueles que possuem um ikigai definido, é a paixão que persiste além de qualquer dificuldade. Como bem descreve um antigo provérbio japonês, “se cair sete vezes, levante-se oito”.


A profundidade da sabedoria japonesa


Dentre alguns dos fatores mencionados sobre como aumentar a longevidade, estão a constante ocupação e a curiosidade em aprender. Como belamente dito por T.H White, autor de A espada na pedra: O único e eterno rei: “Você pode ficar velho e trêmulo, pode passar a noite acordado escutando a desordem de suas veias, pode sentir saudade do seu único amor, pode ver o mundo ao seu redor ser devastado por lunáticos malvados ou saber que sua honra foi pisoteada nos esgotos das mentes pequenas. Só há uma resposta para isso: aprender. Aprender por que o mundo gira e o que o faz girar. Essa é a única coisa da qual a mente não pode jamais se cansar, nem se alienar ou desacreditar, e nunca sonhar em se arrepender.” Essa curiosidade ávida, que nos faz virar a noite lendo livros, filosofando com amigos ou apenas refletindo sobre a vida, é uma das chamas que nos mantém acesos. Da mesma forma, aquele que conhece seu ikigai irá desejar praticá-lo durante toda a vida. Os mais longevos estão sempre ocupados com diversas atividades, especialmente com o seu maior propósito de existência. Eles sabem que o encontraram quando são capazes de entrar no famoso “flow”, estado em que as pessoas entram quando estão imersas em uma determinada atividade e nada mais parece importar.


Além disso, a atividade física e a ligação com a natureza contribuem muito para a qualidade de vida dos habitantes de Okinawa, ilha com o maior número de centenários registrados do mundo. Ao contrário do que se acredita, não é necessário praticar esportes tradicionais para manter-se saudável – caminhar regularmente e cuidar de uma horta já são atividades muito benéficas à saúde. Ademais, o povo de Okinawa vive em grande comunhão com a natureza; o respeito à fauna e à flora locais são atributos muito importantes na cultura local.

Alimentar-se bem também está entre os fatores mais relevantes para uma vida longa. Como devidamente explicado por J. Willox e C. Willox, autores do livro The Okinawa Program: “Os nativos comem uma variedade de alimentos muito grande, sobretudo de origem vegetal. (...) As verduras, raízes, os legumes e os derivados de soja, como tofu, são os alimentos mais comuns na dieta de Okinawa.” Também não há dúvidas de que o fato de os habitantes só consumirem alimentos orgânicos, que são plantados na própria comunidade, apresente grande influência em sua saúde.


O senso de comunidade também não fica para trás – o envolvimento em clubes locais e a prática de atividades voluntárias é algo essencial na vida dos centenários. Eles não dispensam o contato diário com os amigos, seja ao tomar um café, cantar no karaokê ou passear pelo bosque. Ajudar uns aos outros é o que os mantém unidos e felizes.


Outras práticas como a meditação, yoga, tai chi, qigong e rádio taissô são realizadas quase diariamente não apenas pelos centenários, mas por povoados japoneses em geral. O qigong visa trabalhar a energia vital do organismo, ao passo que a rádio taissô visa exercícios em conjunto para conectar as pessoas através da transmissão por rádio. O objetivo dessas atividades é alcançar a paz interna, a conexão com a natureza e com a comunidade.

A efemeridade da vida


Os japoneses também são muito conscientes em relação à efemeridade da vida. Diversas práticas espirituais contribuem para a noção de que tudo chega ao fim e, por isso, devemos saber aproveitar cada momento. O princípio é que, um dia, tudo o que nós amamos deixará de existir. Mas se tivermos um ikigai definido, cada momento abrigará novas possibilidades e teremos força o suficiente para continuar. Esse conceito ajuda a combater o sentimento de insatisfação inerente ao ser humano, como bem descrevem Héctor García e Francesc Miralles: “Quando conseguimos o trabalho dos nossos sonhos, depois de um tempo, queremos mudar para outro melhor. Se ganhamos na loteria e compramos um bom carro, depois de um tempo, talvez queiramos um veleiro. Quando enfim conseguimos conquistar o homem ou a mulher que desejávamos, de repente sentimos curiosidade por outra pessoa. Os humanos podem ser insaciáveis”. Ou seja, continuar sempre almejando algo maior para “finalmente” nos sentirmos satisfeitos é uma grande ilusão. A ambição, na medida certa, também é muito importante e benéfica ao nosso desenvolvimento – mas devemos aprender a valorizar, especialmente, o que temos no aqui e agora.


Para concluir, citemos uma bela reflexão de Viktor Frankl, médico austríaco, antigo prisioneiro do campo de concentração de Auschwitz: “tudo pode ser arrancado de uma pessoa, exceto uma coisa, a última das liberdades humanas: a escolha de como irá enfrentar as circunstâncias, a escolha de seu próprio caminho”.


Por Julia P.D.

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