Julia
Entrevista: Padoca Vegan – Empreendimentos Veganos de Sucesso
Atualizado: 18 de dez. de 2020
A quinta e última entrevista do meu projeto Empreendimentos Veganos de Sucesso será com a notável Padoca Vegan. Inaugurada em 2017, ela oferece uma enorme variedade de sanduíches, doces e quitutes veganos de padaria tipicamente paulistanos. A qualidade da comida é excepcional e sempre atraiu um grande público, inclusive de não-veganos.
Além disso, a padoca também produz diversos pratos quentes sem nada de origem animal, com um menu que varia diariamente. O empreendimento é um paraíso não apenas para veganos, mas para qualquer pessoa que decida se aventurar por essa culinária deliciosa e sem nenhuma crueldade animal envolvida.

Dito isso, vamos conferir a entrevista abaixo com as duas sócias da Padoca Vegan, na qual elas revelam detalhes sobre o processo de criação da padaria, suas maiores dificuldades e como conseguiram alcançar sucesso.
Qual é o seu nome completo, idade, cidade de origem, formação? Conte-nos mais sobre você.
Nós somos a Renata Altheman Camargo Santos e a Denise Camargo Consolmagno, sócias da Padoca Vegan. Nós nos conhecemos na época de escola em Cotia, pois estudávamos juntas. Ambas nascemos em São Paulo-SP, mas nossas famílias moram em Cotia. A Denise tem 34 anos e é formada em nutrição, e eu (Renata) tenho 35 anos e sou formada em História e Relações Internacionais.
Eu cuido da parte de marketing e administrativa do negócio, já a Denise cuida da cozinha, em especial da produção dos pães. Qual é a sua relação com o veganismo e porque decidiu empreender nesse setor?
Eu me tornei vegetariana com apenas 15 anos de idade e transicionei para o veganismo em meados de 2015. Já a Denise foi vegetariana por um tempo e acabou desistindo, mas se empolgou com a ideia da Padoca Vegan e aderiu ao veganismo.
Como sua empresa começou? Você pensou sobre isso por muito tempo antes de realmente começar o negócio? Fez planejamento? Conte-nos sobre seus primeiros passos.
A Padoca Vegan faz, na verdade, parte do hostel que também administramos, que se chama Hostel Alice (em homenagem à avó da Denise, que morava na casa). A Denise abriu o local em 2011 e depois me chamou para tocar o negócio com ela.

Conforme o tempo foi passando, eu acabei trazendo vários clientes vegetarianos e veganos ao hostel, então percebemos que tinha bastante demanda para comida nessa linha. Além disso, como nosso café da manhã era feito por voluntários que trocavam suas habilidades por estadia, sua qualidade variava muito.
Até que um dia resolvemos realizar um evento de uma semana com comidas de padaria veganas, e fez muito mais sucesso do que imaginávamos. Como também gostávamos muito de cozinhar, decidimos criar a Padoca Vegan em 2017, inicialmente aberta somente aos fins de semana. Assim, tivemos a chance de reformar a cozinha, investir em equipamentos e testar mais receitas, até que pudemos abrir durante a semana também.
Os seus pais, parentes ou amigos próximos eram empreendedores? De que forma?
Na família da Denise, não havia ninguém que já empreendesse. Já o meu pai começou uma empresa do zero de engenharia, além de já ter aberto diversas outras empresas durante a sua vida.
A outra avó da Denise (italiana) também nos auxiliou bastante para aperfeiçoar as nossas receitas de pão, pois ela era expert nisso.
Quais foram as maiores dificuldades que você encontrou para criar o seu negócio?
A maior dificuldade foi encontrar mão de obra especializada, especialmente na área de panificação – pois muitos candidatos não tinham abertura para produzir alimentos estritamente veganos.
Além disso, tivemos que criar todas as receitas do zero, pois não tínhamos base para criar os produtos – nada era vegano ou tinha garantia de ser vegano na época em que abrimos. Hoje em dia isso já mudou e nós até revendemos alguns produtos no nosso empório.
Em particular, você tinha alguma experiência em vendas ou marketing? Quão importante foi essa experiência ou a falta dela na criação da sua empresa?
Nós não tínhamos conhecimento prévio de marketing, tivemos que aprender tudo sozinhas.
Contamos com o alcance orgânico das redes sociais e com a indicação boca a boca dos nossos clientes, especialmente nas proximidades da nossa padoca.
Como o seu empreendimento foi afetado pelo COVID-19?

Primeiramente tivemos que fechar o nosso espaço físico devido às normas de saúde. Nós trabalhávamos com a casa principal, na qual estava localizada o hostel, e uma casa ao lado, que servia para o estoque e produção de alimentos. Infelizmente, o proprietário dessa outra casa solicitou o local de volta e ficamos com muito menos espaço para os nossos equipamentos.
Além disso, o hostel continua fechado, já que o setor de turismo está muito ruim – ainda não sabemos quando ele vai reabrir.
Nós também não trabalhávamos com delivery, que correspondia somente a 5% do nosso faturamento, mas fomos obrigadas a aprender como oferecer esse serviço. Com essa mudança, tivemos que alterar o nosso cardápio para se adaptar ao tempo mais longo de entrega, sem incorrência de ônus para os nossos clientes.
Fora isso, também estamos focando na revenda de produtos e na venda de pães para outras empresas.
Olhando para trás, quais você acha que foram os conceitos, habilidades, atitudes e know-how mais críticos que você necessitou para conduzir a sua empresa?
Foi muito importante ouvir o público e aprender muito com os feedbacks que recebemos. Nunca se sabe o que vai vender bem, mesmo quando você aposta muito em um novo produto. Por isso é necessário entender quem é o seu cliente.
Adicionalmente, não queríamos vender só para veganos, mas também para simpatizantes. Dessa forma, podemos mostrar a quantidade de produtos veganos saborosos e de alta qualidade disponíveis no mercado.
O que lhe dá mais prazer no processo de empreender?
Receber o feedback positivo dos clientes, o que mostra que estão gostando do que fazemos. Esses dias uma cliente nossa escreveu de Salvador, para avisar que tinha aberto uma padaria vegana em sua cidade inspirada na nossa padoca. Esse tipo de retorno é muito gratificante.
Como você enxerga o mercado vegano se desenvolver no futuro?

Os empreendimentos veganos não se enxergam como concorrência, mas como aliados da causa para promover o que acham correto.
A tendência desse mercado é crescer muito, pois as pessoas estão se conscientizando e as opções estão crescendo exponencialmente. Várias pesquisas indicam que o mercado vegano cresce 40% ao ano mesmo em tempos de crise.
Por último, qual a sua dica para quem quer ser um empreendedor de sucesso?
Escutar muito bem os feedbacks dos clientes - como o mercado vegano é relativamente novo, não tem receita pronta. Precisamos sempre ouvir as pessoas.
Caso queira saber mais sobre a Padoca Vegan, confira os dados de contato abaixo:
Facebook: Padoca Vegan
Instagram: @padocavegan
Por Julia P.D.