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Ativismo e Polêmica: A Trajetória Revolucionária da Maior Figura de Direitos Animais no Brasil

Atualizado: 31 de ago. de 2018

Recentemente, durante um passeio no shopping, me deparei com o livro Como os Animais Salvaram Minha Vida da ativista da Luisa Mell. Esse era exatamente o livro que eu pretendia ler havia meses! Sem hesitar, trouxe-o para casa e devorei-o em apenas dois dias. Estava ansiosa para saber mais sobre a vida dessa mulher tão inspiradora. Para uma jovem de apenas 39 anos, ela já causou enorme impacto no cenário de direitos animais do Brasil. Além de resgatar beagles utilizados em testes ilegais de um instituto famoso, já promoveu grandes campanhas de adoção e um carnaval sem plumas ao desfilar para a escola de samba Águia de Ouro em 2017.

No entanto, um de seus feitos mais incríveis foi o envolvimento político em prol dos animais. No ano de 2008, após reuniões com o então governador José Serra, Luisa conseguiu colocar em vigor uma lei que proíbe a execução de animais capturados nas ruas e abandonados em centros de zoonoses. O mais assustador é pensar como essa prática costumava ser normal há apenas dez anos atrás.


Afinal de contas, quem é Luisa Mell? Paulistana, mulher, vegana, mãe, ex-apresentadora de TV. Ah, além de ser a ativista de direitos animais mais famosa do Brasil. Para uns, uma heroína, para outros - segundo a mídia -, apenas uma mulher frágil e desinformada. Polêmica, pois está aqui para questionar ideais de uma maioria que, muitas vezes, acaba por sentir sua moral atingida. Isso se deve à natureza altamente questionadora dessa fervorosa militante. Mais especificamente, ao questionamento dos hábitos de muitos que contribuem ativamente para a exploração animal.


A concretização de um sonho

Após uma longa trajetória de luta para divulgar a causa animal pelo país, Luisa ganhou popularidade e conta atualmente com quase 3 milhões de seguidores no facebook. O Instituto que leva o seu nome, criado em 2015 com a ajuda de diversos colaboradores, contribuiu para criar um movimento cada vez maior de conscientização em relação à exploração animal. Ao atuar especialmente no resgate de animais em situação de risco, o Instituto abriga cerca de 300 cães e gatos em suas dependências. Ali eles são tratados e, finalmente, reintegrados à sociedade.


A organização ganhou notoriedade ao resgatar 135 cães de um canil em Osasco em 2017. Esse caso ganhou tanta repercussão, que acabou por atrair a atenção de diversos artistas e influenciadores famosos. Felizmente, Luisa Mell e sua equipe ganharam ainda mais apoio e visibilidade com a ajuda de figuras públicas como Bruno Gagliasso, Ivete Sangalo, Claudia Raia, Yasmin Brunet, Kéfera e Larissa Manoela.


Dos males o menor, o estado deplorável dos animais encontrados serviu para conscientizar uma parte da população sobre as possíveis consequências de comprar um pet ao invés de adotá-lo. A preferência por raças específicas contribui para que canis desse tipo continuem em operação, muitas vezes causando grande sofrimento aos animais envolvidos. Muitos criadores se concentram no dinheiro que a venda de filhotes irá trazê-los, pois os enxergam como mera mercadoria. Não raro, são encontrados em meio a sujeira, dejetos, com doenças, além de falta de água e comida. Isso sem contar o confinamento em espaços pequenos, condição que os impossibilita de levar uma vida normal e saudável. Infelizmente, esse não foi o único canil no qual Luisa Mell descobriu tais circunstâncias.


Na verdade, muitos dos problemas genéticos presentes em raças conhecidas se devem ao constante cruzamento entre elas para atingir uma estética considerada “ideal” por compradores. O pug, por exemplo, representa bem essa realidade. Apesar de ser considerado uma das raças preferidas do grande público, possui problemas respiratórios seríssimos devido ao seu focinho extremamente curto.


A obsessão com a aparência de um animal também ajuda a reduzí-lo a uma espécie de brinquedo. Muitas pessoas acabam por abandoná-lo ao perceber que exige cuidados, atenção, atendimento veterinário, etc. De repente, o pet se torna uma “inconveniência”.



Dificuldades de uma mente revolucionária


O fardo de ser uma figura pública, especialmente se ela manifestar uma visão contrária à da maioria, é ser constantemente rotulada e alvo de críticas na mídia. E, claro, não poderia ser diferente no caso da Luisa Mell. Apesar de lutar por uma causa muito nobre, sua visão de mundo ainda encontra resistência em uma parte da população brasileira por colocar em xeque hábitos ainda muito enraizados em nossa sociedade. Como, por exemplo, comprar cãezinhos de uma raça específica, ao invés de adotá-los ou resgatá-los da rua. Consumir carne e alimentos que possuam leite, ovos ou mel em sua composição, ao invés de optar por uma dieta vegetariana. Fazer passeios ao zoológico ou ao SeaWorld com familiares e amigos, ao invés de boicotar esse tipo de entretenimento.


A objeção a práticas como essas parte de uma perspectiva altamente revolucionária. Não é à toa que acaba sendo vista como trabalhosa e incômoda para alguns. Afinal de contas, toda revolução exige esforço e, principalmente, mudança.


Mas, como bem disse Fabrice Midal, autor do livro A Arte Francesa de Mandar Tudo à Merda: “É frequentemente mais sábio ousar denunciar, do que se resguardar com prudência em sua concha confortável.” Então, que sejamos sábios. Denunciemos. Coloquemos a boca no trombone contra as injustiças que cruzam o nosso caminho. Só assim seremos capazes de mudar o mundo para melhor. A revolução nunca se deu através do contentamento e da passividade.


Como ajudar?


Quer ajudar a causa animal? Então faça a diferença:


1. Não compre, adote. Como explicado previamente no texto, ao comprar um pet, você estará financiando canis que visam somente o lucro, e não o bem-estar animal. Por outro lado, ao adotar, você dará a chance de uma nova vida a um bichinho que já sofreu muito e

nunca teve um lugar para chamar de seu. Muitas vezes, esses animais passam uma vida inteira esperando pela adoção. Escolha ser a luz na vida de um pet abandonado.



2. Doe dinheiro. Em nosso mundo capitalista, as ONGs ainda dependem especialmente de doações para resgatar e cuidar de animais necessitados. Por isso, se você tiver condições, nem que seja uma quantia pequena, não hesite em investir em uma organização de sua confiança.


3. Faça trabalho voluntário. Muitas ONGs precisam da ajuda de voluntários em diversas áreas, seja em produção de conteúdo, aquisição, adoção, assistência em eventos, etc. É uma ótima pedida contatar suas organizações preferidas para saber como você pode ajudar.


4. Divulgue a causa animal. Na era da internet, fica muito mais fácil divulgar ONGs que realizam um trabalho sério. As redes sociais e o bate-papo com amigos e conhecidos são oportunidades perfeitas para falar sobre a necessidade de ajudar organizações que se dedicam ao resgate de animais.


Espero que essas dicas tenham dado uma boa perspectiva de como podemos colaborar com a causa animal. Se cada um fizer a sua parte, poderemos criar um todo ideal ;).


Por Julia P.D.

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